Quando o Poder Muda de Mãos: A Distopia Inversiva de Naomi Alderman
Gênero: Ficção / Distopia
Páginas: 416
Editora: Planeta do Brasil
Tradução: Heci Regina Candiani
E se o poder mudasse de gênero?
Naomi Alderman nos entrega em O Poder uma distopia eletrizante e provocadora que propõe uma inversão radical da estrutura de dominação de gênero. Publicado em 2016, o romance ganhou destaque por sua originalidade e pela forma inteligente como reverte os papéis tradicionais de poder, propondo uma reflexão contundente: o poder corrompe ou revela o que já está latente em nós?
A proposta intelectual: quando a biologia se torna instrumento de revolução
Alderman parte de uma premissa simples, mas explosiva: meninas adolescentes ao redor do mundo desenvolvem, de repente, a capacidade de emitir descargas elétricas pelo toque. Esse fenômeno, inicialmente isolado, logo transforma profundamente a sociedade — colocando mulheres em uma posição dominante em relação aos homens.
A autora, discípula de Margaret Atwood (autora de O Conto da Aia), não apenas inverte papéis: ela questiona se o domínio feminino seria, de fato, mais justo ou apenas uma versão espelhada do patriarcado. O livro, portanto, não propõe utopia — mas uma análise brutal das estruturas de poder.
Análise estrutural e linguagem: fragmentos de uma narrativa em mutação
A narrativa é construída em múltiplos pontos de vista — seguimos personagens como Allie (que se tornará a figura religiosa Mãe Eva), Roxy (filha de um chefe do crime britânico), Tunde (um jornalista nigeriano) e Margot (uma política americana). Essa multiplicidade fortalece a visão global do impacto do fenômeno.
A linguagem é ágil, precisa, ora crua, ora lírica. Alderman não poupa o leitor de cenas de violência e transformação social radical. O uso de um prólogo e epílogo epistolares — que fingem uma troca entre autores dentro do próprio universo fictício — adiciona uma camada metanarrativa genial, sugerindo que O Poder é uma reconstrução fictícia dentro de um futuro matriarcal.
Temas e símbolos: o corpo como campo de batalha
Entre os temas centrais, destacam-se:
- Poder e moralidade: a obra interroga até que ponto o poder transforma ou revela a essência do ser humano.
- Gênero e opressão: a inversão dos papéis serve como lente para evidenciar abusos cotidianos naturalizados no patriarcado.
- Religião e culto: o surgimento de Mãe Eva questiona a manipulação religiosa e a criação de mitos fundadores.
- Tecnologia biológica: a energia elétrica como metáfora da autonomia corporal feminina.
O símbolo mais potente é, sem dúvida, o “fio” — órgão fictício que libera energia elétrica nas mulheres, um marcador biológico da nova ordem.
Personagens como arquétipos e espelhos
- Allie/Mãe Eva: uma órfã abusada que encontra no novo poder não apenas libertação, mas uma missão messiânica.
- Roxy: representa a força bruta e o conflito entre poder pessoal e familiar.
- Tunde: observador privilegiado, revela como a masculinidade entra em colapso diante do novo mundo.
- Margot: expõe a intersecção entre política e moral, numa escalada de ambição disfarçada de serviço público.
Cada personagem é mais que um indivíduo — é um arquétipo das formas como diferentes setores da sociedade lidam com a inversão de poder.
Contribuição original e impacto intelectual
O Poder se destaca por sua premissa instigante, sua escrita imersiva e sua capacidade de provocar inquietações duradouras. A inversão do patriarcado não é apenas uma provocação: é um experimento filosófico, quase socrático, que obriga o leitor a confrontar as próprias crenças sobre justiça, natureza humana e dominação.
Impressões pessoais: desconforto necessário
A leitura de O Poder foi intensa e desconcertante. Ao observar mulheres agindo com a mesma crueldade que os homens em estruturas patriarcais, somos forçados a abandonar idealizações e encarar o fato de que o problema talvez não seja o gênero, mas a própria dinâmica de poder.
A obra deixa um rastro de inquietação. Não há respostas fáceis. Mas há uma certeza: depois de lê-lo, você não verá o mundo da mesma forma.
Vozes que ecoam
“Um livro eletrizante que ecoa os tempos de Margaret Atwood, mas fala com a voz própria de uma nova era.” — The Guardian
“Obra-prima feminista e thriller sociopolítico ao mesmo tempo.” — New York Times
“O livro mais provocador do ano.” — Barack Obama (lista de leituras de 2017)
Alcance e legado
Desde seu lançamento, O Poder vendeu mais de 1 milhão de cópias, foi traduzido para dezenas de idiomas e adaptado para uma série de TV pela Amazon Prime. Ganhou o prêmio Baileys Women’s Prize for Fiction e tem sido estudado em cursos de literatura, sociologia e estudos de gênero.
Sua influência não se limita à ficção: o livro se tornou um marco no debate sobre gênero e poder no século XXI.
Conclusão: um espelho perigoso e necessário
O Poder é uma obra que desafia, desconstrói e perturba. Em sua radicalidade, oferece ao leitor mais do que uma história bem contada: oferece uma provocação filosófica que reverbera muito além das páginas. É leitura essencial para quem deseja compreender o poder em suas múltiplas camadas.
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✍🏻Sobre a Autora

Naomi Alderman é uma escritora, roteirista de jogos e produtora de televisão britânica, nascida em 23 de outubro de 1974, em Londres. Ela ficou mundialmente conhecida pelo romance The Power (O Poder), vencedor do Women’s Prize for Fiction em 2017 e adaptado para uma série de TV pela Amazon Studios.
Formada em Filosofia, Política e Economia pela Universidade de Oxford, Alderman também estudou escrita criativa na Universidade de East Anglia. Seu romance de estreia, Disobedience (2006), aborda a história da filha bissexual de um rabino ortodoxo e foi adaptado para o cinema com Rachel Weisz e Rachel McAdams.
Além da literatura, Naomi é uma figura inovadora no mundo dos jogos narrativos. Ela foi roteirista principal do jogo de realidade alternativa Perplex City e co-criadora do aplicativo de fitness Zombies, Run!, que combina corrida com narrativa interativa.
Ela também apresenta programas sobre ciência na BBC Radio 4, escreve para o jornal The Guardian e é professora de escrita criativa na Bath Spa University. Naomi foi mentorada por Margaret Atwood e é membro da Royal Society of Literature.
Outros Livros
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